sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Conto: Novo Começo (1/3)

* Sinopse do livro aqui!

5 anos antes do início do caos.



Diário de bordo. James Williams, 27 anos, 13 de fevereiro.

Bryan está muito mais animado que eu em relação as nossas perspectivas de sucesso deste plano. Particularmente, me dói o pensamento de deixar tudo para trás e começar uma vida nova, mas acho que é algo que – se este lugar valer a pena – precisaremos fazer. Além do mais...

- James! Larga essa porcaria e vem ver isso! – Chamava a voz de Bryan no lado de fora do quarto da tripulação.
James fechou seu caderno e deixou-o sobre sua rede de dormir. Ajeitou sua besta – presa em suas costas através de uma bandoleira – e foi atrás do irmão. O convés estava cheio. Todos os tripulantes olhavam para fora navio.
- Achamos esta maldita ilha, James! – Dizia Bryan com um sorriso confiante assim que o irmão se aproximava do parapeito do convés. – Levamos o que? Alguns dias?
James avistou o motivo de toda aquela alegria. Um semblante de ilha que começava a se formar no horizonte.
- Como podemos saber que esse é o lugar? E se for a ilha Narabis, ou... alguma outra ilha pior.
- Você parece uma criança falando essas besteiras, James. Abner conhece Narabis. Ele já esteve lá. Se ele está dizendo que não é, é porque não é.
- Ele não está dizendo nada – Disse ele, observando Abner no convés superior. Com sua luneta, o líder também tinha seu olhar focado no horizonte.
Abner já havia passado de seu auge da forma física, agora estava com mais de 40 anos. Sua espada, presa a cintura, era de uma lâmina mais longa do que a maioria dos guerreiros da Organização estavam acostumados. Tinha os cabelos cumpridos, que um dia foram castanho-escuro e agora davam lugar aos fios grisalhos, presos sob um rabo de cavalo. Diferente de seu largo sorriso habitual, naquele momento sua expressão era séria, talvez até um pouco preocupado, já a postura era rígida, como a de um general de guerra.
- Nunca diz nada quando está apreensivo... – Continuou James.
- Com tudo que passamos em outras ilhas, todos estão apreensivos. E com razão, mas isso é besteira. Quando eu e meus companheiros viemos aqui, naquela missão de excursão, encontramos tudo completamente deserto. Acredite em mim, estou dizendo que a ilha é segura.
James mirou Bryan. Seu irmão era 5 anos mais novo que ele. Portava uma espada na bainha da cintura, tinha os cabelos curtos e bagunçados e a barba malfeita. Em geral era uma companhia animada, mas James sempre dizia que era o tipo de pessoa que ninguém gostava de manter por perto quando se estava aborrecido.
Bryan fitava a ilha como se mirasse sua primeira paixão, o que fez James franzir o cenho. Seu irmão estava seguro demais de suas palavras, e isso era o que mais o preocupava. E o pior de tudo era que já era tarde demais para qualquer conselho ou sermão. Bryan estava tão empolgado que já não lhe daria mais ouvidos.
- É. Eu espero... – Disse James.
- Ora, tire essa expressão carrancuda da cara, irmão! Desse jeito vai acabar convencendo nossos companheiros que estamos indo para um funeral.
- Não estou querendo convencer ninguém de nada, apenas fico pensando na possibilidade de encontrarmos os tauros ou algum ser pior por aí. Isto é, caso eles sejam realmente tão asquerosos quanto nos dizem, mas como podemos saber?
- Você acabou de responder isso. São asquerosos porque nossos companheiros que os conheceram comprovaram isso. Inclusive o próprio Abner. Porque passam tanto tempo juntos se ele não te conta essas histórias?!
As bochechas de James coraram, e ele desviou o olhar.
- Nu-nunca disse que ele não c-conta, só digo que acho isso estranho. Ora, pense bem Bryan, que motivo os tauros teriam para sair por aí colonizando ilhas e matando os humanos que encontram? Não há sentido algum nisso...
Bryan bufou.
- Há sentido se você pensar que os desejos deles são simples, James. São seres estupidos guiados pela ganancia. Querem demonstrar seu poder dominando outros lugares e povos, tomando seus bens, fazendo-os de escravos e sabe-se-lá se eles não se alimentam de nossos corpos? Já deve ter ouvido as histórias de Abner, são seres animalescos!
- Eu sei, eu sei, mas... será que não há algo mais? Quero dizer, nunca os vimos de verdade, sequer conhecemos a cor de seus olhos, como podemos ter tanta certeza de que essas são mesmo suas motivações?
- E o que mais poderia ser, James? Não há nada no mundo além da ganancia. Além disso, quando alguém te aponta uma espada ao pescoço o que você faz? Pergunta quais são seus objetivos e sonhos ou protege sua vida? A resposta é simples.
- É, talvez seja, mas a verdade é que um tauro nunca me apontou uma espada.
- Mas você nunca viu um tauro, e espero que nunca veja. Aliás, espero que nem um de nós veja. Ao invés devanearmos sobre essas bobagens deveríamos nos preocupar com o que temos que fazer.
James suspirou olhando o horizonte. O semblante da ilha se tornava cada vez maior.
- É, seja como for, com isso eu concordo.
Enquanto a tripulação preparava os botes para zarparem até a ilha, Marlene passava atrás deles como uma mãe zangada, dando uma bronca contida, para não chamar muita atenção, em Miguel e Isaque.
- Quanta irresponsabilidade, Miguel! Trazer um garotinho desta idade para uma missão com potencial para ser tão perigosa?!
- A missão não é perigosa! Você ouviu o que a tripulação da missão de excursão disse. A ilha está deserta!
- Não interessa! Tudo é perigoso para uma criança de 5 anos! – Insistia na bronca a mulher, enquanto adentravam no quarto da tripulação.
Curioso, James continuou observando-os enquanto entravam. Apoiado no parapeito do convés se encontrava em uma posição que favorecia a visão do trio dentro do quarto.
Miguel bufou.
- Enquanto estiver comigo, Isaque vai estar seguro! Além disso, ele quer conhecer outros lugares. Nós queremos!
- Simmm! Por favor, nos deixe ir também! – Interveio Isaque. – Sou muito forte! Posso me cuidar!
- Já chega – Disse a mulher. – Você não vai mais zarpar até a ilha. Vai ficar aqui cuidando de Isaque e guardando o navio.
- Mas Marlene, eu... – Tentou argumentar Miguel, sem sucesso.
- Sem “mas”, Miguel! Se não quer que eu conte isto a Abner é melhor me obedecer.
- Você vai contar de qualquer jeito...
- Mas ainda posso escolher as palavras que vou usar.
Os irmãos incorporaram expressões de arrependimento enquanto Marlene saía do quarto e subia até o convés superior, onde passava a conversar com Abner.
A mulher era sobrinha de Abner, líder da Organização que participavam, enquanto Miguel era um adolescente órfão que o grupo deles – essencialmente Abner – havia adotado quando ainda era criança, assim como Isaque, o irmãozinho caçula do rapaz.
- Não sei como Abner pode ter tanta paciência com esse Miguel... – Dizia Bryan que, sem que James percebesse, também estivera olhando aquela cena toda. – Está sempre achando motivos para fazer alguma merda.
Bryan voltou a fitar a ilha, enquanto James ainda mirava Miguel. O garoto deveria ter cerca de 15 anos de idade e, agora deitado, dividia uma rede com seu irmãozinho. Talvez estivesse arrependido de ter trazia seu irmão para algo tão perigoso como aquilo, ou talvez estivesse apenas aborrecido.
James alternou seu olhar para Abner, enquanto ele terminava de conversar com Marlene. O líder da Organização dirigiu um olhar a James, seguido de um aceno positivo de cabeça.
Naquele momento, aquele tão simples gesto fez James voltar a sentir o peso que carregava nas costas por ser um dos candidatos a substituir Abner na liderança da Organização, quando o momento chegasse. E o fato de ser o favorito por parte do próprio líder não amenizava esse peso.

*

Conforme levavam os botes até a areia da praia, transportando poucas dezenas de homens, James apreciava a paisagem do lugar. Com uma margem estreita entre o mar e a floresta, a areia durava pouco e a floresta parecia densa, dando um indicio de desabitação.
- É lindo, não é? – Disse Bryan, com aquele sorriso largo.
- É – Respondia James, tentando entender onde havia beleza em um gramado alto e milhares de plantas e árvores.
Quando os botes já estavam atracados, Abner ordenou que seguissem juntos mata a dentro. Andavam em fila indiana, de dois em dois. James havia ficado no meio da fila, enquanto Abner, Bryan e alguns outros que haviam participado da última excursão até aquela ilha permaneciam na linha de frente, abrindo caminho e tentando guiá-los.
A maioria se mostrava maravilhada com o lugar conforme o conheciam cada vez mais. Respaldavam toda a “beleza natural” do ambiente, e toda sua pureza, já que não havia sido destruída ou sequer tocada por seres vivos. Mas James achava aquele pensamento irônico, já que todos aqueles homens queriam fazer daquele lugar um lar, e para isso seria necessário subjulgar a ilha. As mãos humanas transformariam tal “pureza” em madeiras e concretos, e então o lugar ainda seria considerado tão belo ou isso não importaria mais?
Após algum tempo de caminhada com uma mistura de apreensão e animação, eles haviam chegado em uma clareira espaçosa onde, no final da mesma, havia uma pequena montanha formando uma cachoeira que dava vida a um pequeno lago. Todos sorriram ao verem que finalmente poderiam sair daquela densa floresta e correrem até a beirada do lago para beber água.
Por alguns minutos mataram a sede, encheram seus cantis e se refrescaram, mas logo Abner já reorganizava todos em suas posições. Tinham que vasculhar o máximo possível daquela ilha antes que anoitecesse e precisem voltar ao navio. Se tudo corresse como planejado, em poucos dias eles poderiam estar voltando para casa com a notícia de que havia um lugar seguro para o qual poderiam migrar.
Enquanto alguns homens terminavam de estacar bandeiras no solo com o símbolo da Organização, demarcando as áreas que já haviam sido exploradas pelo grupo, Abner terminava de organizar todos em fila, de volta mata adentro. Contornariam a cachoeira.
James terminava de encher seu cantil e se encaminhava para o final da fila, junto com os outros, até que Abner, que ainda não havia entrado na mata, fez sinal para que todos seguissem adiante enquanto segurava James pelo braço.
Aos poucos todos foram seguindo caminho em passos lentos, e assim que Abner e James estiveram sozinhos o líder desfez sua postura séria e expressou um olhar caloroso.
- Por que está tão sério hoje, James?
- Acho que pelo mesmo motivo que você.
Abner riu.
- Não me parece que esteja apreensivo com que vamos encontrar aqui. Por tudo que vimos até agora este lugar parece seguro. Você está diferente. Está melancólico...
James soltou um sorriso na ponta dos lábios.
- Você me conhece.
- Convivo com você a tempo o suficiente para isso.
- É, eu acho que sim. Apenas me pergunto se vale mesmo a pena deixar tudo que temos para trás e... começar do zero.
- Exato. Começar do zero – Dizia Abner, dando tapinhas no rosto do outro. Em seguida apontou para a cachoeira. – Caso este lugar ofereça bons recursos poderemos criar nosso povo aqui, longe da ignorância humana de Giordana. Seremos melhores. Viveremos em nossa própria busca pela paz.
James respirou fundo e permaneceu mudo por alguns segundos, mirando tudo ao seu redor. A floresta, a cachoeira, os pássaros cantando... e por um momento tudo aquilo já não lhe parecia mais tão louco.
- É, talvez você tenha razão. Você sempre tem.
Abner expressou um sorriso mais largo e deu novos tapinhas na face de James.
 - Bom saber que, mesmo velho, ainda consigo te fazer mudar de ideia.
James iria interromper o outro para dizer alguma coisa, mas Abner desviou o olhar para longe e deu um suspiro cansado, e então pareceu como se, ao invés de pouco mais de 40 anos, ele tivesse o dobro disso em idade e o triplo em sabedoria.
- Quando eu morrer, sabe que vou querer que você cuide do nosso legado, não é? – Continuou Abner, voltando a contemplar James. Mantinha a expressão cansada e um quê de derrotada na face.
- Não fale como se já fosse um idoso a beira da morte.
- Tenho mais de 40 anos, James. Quantas pessoas com 60 você conhece?
- Gregório Silver está quase lá...
- Gregório é um homem honrado e muito mais forte do que eu jamais serei. Forte o bastante para enganar a morte algumas vezes. Mas diferente dele, eu sinto que minha hora logo vai chegar.
- Não diga...
- Não, James. Ela vai. Cedo ou tarde ela chega para todos. E em meu caso o “tarde” está logo aí.
- Você sabe que temos as poções dos hannomans, não sabe? Temos aliados fortes e nenhuma guerra para lutar há muito tempo. Todos podemos superar as expectativas de vida atual.
- Talvez sim, talvez não, a única coisa que é certa é que morreremos algum dia. E é por isso que preciso que você esteja preparado quando o momento chegar.
- Só me quer o substituindo porque gosta de mim. Todos conseguem ver que não sou a pessoa certa para a liderança. Marlene é muito mais capaz que eu. É firme e fria. Sempre pensa nos outros, e por isso tem o respeito de todos. Deveria ter visto como ela tratou Miguel e Isaque, no navio. Era líder e mãe ao mesmo tempo. Além disso, Marlene é sua sobrinha.
Abner hesitou por um momento, mas seu sorriso não tardou a voltar.
- Receio que possa ter uma tendência excessiva ao remorso, às vezes... – Dizia ele, em tom melancólico. – Tanto dentro da Organização quanto fora dela eu sempre prezei pela segurança de todos. Não da maioria, mas sim de todos. Você entende isso, não é?
- Acho que sim.
James não entendia. Em momentos de risco, muitas vezes a “segurança de todos” não era uma opção, logo, deveria se optar pela “segurança da maioria”. De qualquer maneira, não questionou. Preferia não estender aquele assunto.
- Mesmo assim, conheço as várias qualidades de Marlene mais do que qualquer um, e continuo preferindo você. Queria este serviço antes, James. Está inseguro?
- Eu... não. Não é isso... – Disse James, deixando seu olhar descer aos próprios pés. – De repente me ocorreu que eu posso simplesmente não ser a melhor pessoa. O mais merecedor, ou... eu sei lá.
- James – Chamou-o Abner, se aproximando do outro e pondo uma das mãos em seu ombro. O corpo transmitindo seu calor. – Por que não está sendo verdadeiro comigo? Sabe que pode falar o que quiser para mim, não é?
James suspirou.
- Eu nunca quis ser líder. Eu só queria estar ao seu lado, te ajudando, te apoiando... Quando você falou que me queria para substituí-lo, eu nem achei que fosse sério no início, mas depois eu quis isso... por um tempo. Queria ser como você, forte e admirado. Mas descobri que não tenho vocação ou vontade para este trabalho. Não quero ser responsável pelo futuro de todos.
Abner aproximou seu corpo delicadamente contra o de James. Em um movimento lento seu lábio roçou levemente no do outro, fazendo-o tremer, e então o beijou.
- Não precisa mentir para mim – Disse Abner, ao fim do beijo.
James não conseguiu conter um sorriso que mostrava seus dentes.
- Eu sei. Às vezes eu só esqueço o quanto você é maravilhoso.
Eles permaneceram em um abraço desajeitado – já que a besta de James ficava presa em suas costas, atrapalhando um pouco o gesto – por alguns segundos. A vontade de ficar perto um do outro fazia-os sentir como se houvessem ficado longe há anos, quando na verdade faziam apenas duas noites.
O barulho de grama se mexendo e vozes sussurradas foi quase insignificante, mas não imperceptível para bons ouvidos como os de Abner. O homem, em um dos raros momentos de descanso que tinha, recolheu seu queixo do ombro de James e se afastou alguns passos dele, olhando ao redor como se procurasse algo.
James, que não havia escutado nada, percebeu que a reação do outro indicava que algo estava errado, o que o levou a olhar ao redor também. Pássaros voavam, e talvez alguma cobra rastejasse em algum lugar, mas James não viu nenhuma ameaça por perto.
Abner riu de modo extravagante.
- Deve ser só o vento! – Disse ele aumentando a voz ligeiramente, por algum motivo. Em seguida voltou a falar, dessa vez sussurrando. – É Miguel. Não deve ter aguentado ficar no navio e por isso veio para cá. Isaque deve estar com ele.
- O que?! Quanta irresponsabilidade! – Reclamou James. – Mande-o de volta ao navio!
- Vou mandar alguém levá-lo de volta – Sussurrou ele, em meio a uma nova risada. – Então não fale tão alto, vai fazer ele perceber que notamos ele.
James bufou.
- Você o mima demais.
- E você provavelmente está certo. Ele é praticamente um filho para mim, mas eu não sou um pai muito presente. Acho que tento recompensá-lo da forma errada.
- Você deveria... – Começou a dizer James, até ser interrompido por barulhos distantes de gritos e correria.
Abner e James se afastaram, olhando ao redor com olhos arregalados. James se encontrava assustado, já o líder, dotado de sagacidade, engoliu em seco e tentou demonstrar confiança.
- James, vá atrás de Miguel e Isaque e os leve de volta ao navio. Eu vou verificar o que...
“Pleft!”.
Antes que pudesse terminar sua frase algo passou voando perto do cotovelo de James. Olhou naquela direção e, para sua surpresa, viu uma lança fincada no chão, ao seu lado. Voltou-se na direção de quem havia arremessado tal objeto, no topo do morro onde a cachoeira percorria. Cerca de uma dezena de seres que, mesmo andando em duas patas, assemelhavam-se muito a touros com braços e mãos ao invés de patas dianteiras. Vestiam armaduras de guerra e estavam armados com lanças.
- Tauros... – Murmurou James para si mesmo, com os olhos vidrados de medo.
Aqueles seres dos quais ele tanto ouviu falar sempre que se mencionava “passado” e “guerra” estavam ali logo a sua frente. Logo naquela ilha aparentemente inabitada e segura.
Assustado, tornou a olhar em direção a Abner, que tinha o corpo trêmulo, os olhos repletos de dor e a boca aberta, como se sua alma fugisse lentamente de seu corpo. James já havia visto esse tipo de reação em uma pessoa antes, e ele sabia que só poderia significar uma coisa.
Uma enorme lança atingira o líder nas costas, atravessando bem no meio de seu peito e terminando fincada no solo.
Abner sequer gemeu, apenas fitava James enquanto lutava contra a vontade que sentia de fechar os olhos e cair no chão. O outro estava paralisado. Atônito, não sabia como reagir, até que, em um impulso, foi em direção ao líder quando percebeu que ele desmaiaria sobre aquela lança, o que agravaria ainda mais sua situação.
Passou o braço dele sobre seu ombro e o carregou, da forma que pôde, até atrás de uma árvore perto dali, escondendo-se do campo de visão dos tauros, que já gritavam “atacar!” e faziam novas lanças voltarem a chover no local.
Jogados ao chão, atrás da árvore, James percebeu que outra lança havia acertado Abner de raspão, dessa vez em sua perna. Praguejando, quebrou ao meio a lança fincada no peito do homem, fazendo com que ele finalmente soltasse alguns gemidos de dor. Lágrimas escorreram pelo rosto de James e encontraram a testa de Abner, que o fitava com o os olhos trêmulos que aos poucos, como uma vela que se apaga, ficaram completamente imóveis e sem fogo.
Toda a gritaria e correria que ouviram anteriormente estava ainda maior agora. De forma desordenada, diversas pessoas da Organização corriam em direção a James e passavam direto por ele, se mostrando ainda mais assustados com o fato de ver Abner naquele estado.
Ignorando a todos, James abraçava o corpo de Abner, aos prantos, até uma Marlene trêmula se ajoelhar a sua frente, checar os batimentos cardíacos de seu tio e mirar James, pálida.
Marlene constatou o que James já sabia desde o primeiro instante, e eles nem precisaram trocar quaisquer palavras para se chegar a um entendimento sobre aquilo.
- Temos que ir, James. Agora! – Disse Marlene, com a voz frouxa.
O homem sacudiu a cabeça para os lados e, com a mão trêmula, fechou os olhos de Abner, decidido a ficar o maior tempo possível ao lado de seu amado.
- Vá sem. Não posso deixá-lo.



FIM DA PRIMEIRA PARTE


17 comentários:

  1. Olá
    Adorei poder conferir o conto, e claro que fiquei bem curiosa pela próxima parte. Fiquei bem curiosa sobre alguns aspectos, e gostei do desenvolvimento trabalhado, os elementos inseridos ficaram óimos.
    Beijos, Fer
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  2. Oi, João!
    A história parece muito bacana e cheio de ação, mas senti falta de uma sinopse, sobre o que se trata a história.
    Vou passar o conto para meu namorado ler. Ele deve gostar mais dessa história do que eu. ^^
    Beijão!
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  3. Olá.... me desculpe, mas não é exatamente o tipo de leitura que eu curto, mas mesmo assim o texto está bem escrito e incentivo sua escrita criativa! Sucesso!

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  4. Oiii!curti bastante o texto mas senti muito a falta de uma sinopse falando a respeito!acho que entenderia mais!
    Sou mega curiosa já quero a segunda parte e vc escreve muito bem !parabéns

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  5. Acho que uma boa ideia seria colocar uma sinopse sobre o conteúdo do conto. Achei que você escreve muito bem, mas considerei um pouco longo demais!!!
    MEU AMOR PELOS LIVROS
    Beijos

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  6. Oi... Sua escrita é interessante e bem construída.

    Parabéns!
    bjos
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  7. Olá, tudo bem?
    Como dito anteriormente, também senti falta de uma sinopse e senti que o texto ficou muito longo. Eu lia, lia, lia, mas não sabia exatamente sobre o que estava lendo hahaha.



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  8. Eu fiquei um pouco confusa na verdade, não tinha bem uma sinopse com um resuminho da história seria legal, mas parece ser uma boa história, vc escreve muito bem, parabéns!!

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  9. Lembrei do meu filho lendo história de piratas...
    Gostei do texto/conto, apesar de ter achado um pouco longo para uma postagem. Mas isso não tira as qualidades do texto
    Bjs

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  10. Oie!
    O livro fala de um dos meus gêneros favoritos, fantasia! Gostei do modo como você descreveu bem as caracteristicas e emoções dos personagens, isso é ótimo para o leitor se envolver na leitura! Prevejo também muita ação e mistério, sou fã de elementos mitológicos inseridos nas histórias!

    Beijos!
    Eli - Leitura Entre amigas
    http://www.leituraentreamigas.com.br/

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  11. Oie, bacana sua escrita, é bem construida e não encontrei muitos erros. Mas assim como os colegas que leram, senti falta da sinopse, raramente leio algo sem saber do que trata antes, ee.

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  12. Olá, gostei bastante da sua escrita, ela me deu vontade de ler a segunda parte com certeza, mas fiquei confusa sobre o que realmente estava se passando, uma sinopse seria legal, só vi que tinha a sinopse assim que tinha acabado de ler ai fez um pouco mais de sentido para mim haha

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  13. Olá!
    Adorei o conto! A sensação que tive era de que estava dentro dele. Estou curiosa para saber a segunda parte e o que vai acontecer com James.
    Bjs.

    www.salaliteraria.com.br

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  14. Gostei da capa!

    Me vi presa nessa primeira parte do conto, lendo-o avidamente... Mas senti falta de explicações maiores sobre o enredo e coisas assim. Mas acredito que isso vá se explicando no decorrer da história também.

    Ótima produção!
    Abraços!
    www.asmeninasqueleemlivros.com

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  15. Gostei do que escreveu, ainda mais pq é um dos gêneros que adoro: fantasia.
    Sempre tem aquela magia escondida, personagens inesquecíveis e vc fez um ótimo trabalho.
    Obrigada pela visita no Blog As Meninas Que Lêem Livros.
    Bjs.

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  16. Aii que tristeza pelo Abner, e logo depois de um momento de tanta cumplicidade...
    Apesar de fantasia não ser um gênero que eu leia com frequência, histórias que têm navios sempre me conquistam. Fiquei curiosa sobre esses Tauros e sobre o motivo deles quererem migrar...

    Bjs

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  17. Nossa, fiquei aqui curioso como esta história irá se desenrolar na sequência do conto. E parabéns adorei a escrita e como os personagens se desenvolveram neste conto em si, e espero acompanhar outros dessa forma.

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