No início, uma semana após
contratar Billy, eu começava a pensar que ele havia sido um presente dos céus.
Um mês depois, eu entendi que não era bem assim. Patrick Hannigan estava
desaparecido, e Billy também. Eles simplesmente haviam sumido.
Cheguei a pensar que
houvessem matado um ao outro, ou, quem sabe, fugido juntos para alguma outra
cidade. Mas a resposta concreta só chegou alguns anos depois.
Primeiro veio a notícia de
Patrick, que teve seu corpo encontrado no fundo de um rio. Tinha algumas
costelas quebradas, além do maxilar e uma das pernas. A polícia evitou ir atrás
dos detalhes, e como ele já não tinha família que se importasse, as coisas
ficaram por isso mesmo. Teve um enterro vagabundo onde pouquíssimas pessoas
compareceram, e eu era uma delas.
Me sentia culpado, com medo
de ter causado a morte de Patrick. Quem poderia imaginar que Billy Jordan iria
tão longe por míseros 100 dólares?
Eu, certamente não. Teria
oferecido a metade, se isso fizesse alguma diferença.
Entretanto, eu sentia que poderia descobrir a
verdade sobre as coisas, cedo ou tarde, mas então, após quase nove meses terem
se passado desde o enterro de Patrick, depois de já estar sendo procurado pela
polícia em todo estado por diversos assaltos e dois assassinatos, Billy Jordan
também morreu.
Aconteceu em Santa Martha, um
condomínio de luxo pacato. O corpo de Billy foi encontrado queimado, junto com
um carro que o dono havia dado queixa de assalto, há algumas semanas. O fogo
havia sido causado por um cigarro, e só não havia acontecido algo mais
desastroso e incendiado toda a floresta onde o carro estava – na periferia do
condomínio – porque alguns moradores ouviram barulhos de disparos e resolveram
investigaram a situação.
Moradores bem intencionados
mais um bom tempo e muita água, e então um incêndio pode ser controlado.
A perícia encontrou, dentro
do carro quase completamente queimado, alguns quilos de cocaína, uma Colt .45 e, perto dali, em direção ao interior do condomínio,
um colar de pérolas arrebentado. Foi concluído que Billy estava sendo
assaltado, tentou pegar a arma no banco de trás, e acabou sendo baleado. O
cigarro que fumava caiu no próprio corpo e iniciou aquele incêndio.
Mas eu sei que não foi nada
disso.
Primeiramente, qual a chance
de um ladrão ser assaltado por outro dentro de um dos condomínios mais seguros
do estado? Qual a chance de um cara matar o outro e não levar sua arma e seu
carro, sendo que a chave estava na ignição?
Não foi isso.
Definitivamente, não foi.
Acho que Billy havia seduzido
alguma das madames ricaças do Santa Martha, levou-a até seu carro roubado, e
então foram trepar em algum lugar, como sempre fazia desde os tempos de
colégio. Até que algo deu errado.
Talvez um amigo próximo de
Patrick – se ele tivesse algum que se importasse –, ou outra pessoa que Billy
possa ter prejudicado, tenha o encontrado e feito justiça com as próprias mãos.
Talvez fosse algum traficante ou o marido da madame que ele comia.
A única coisa que sei é que
não existe chance nenhuma de Billy Jordan ter sido assassinado por algum motivo
casual ou não intencional. Billy é o tipo de cara que, antes mesmo de você
terminar de sacar sua arma, ele já te deu ao menos dois motivos para puxar o
gatilho.
Olhando para trás, hoje, é
quase engraçado relembrar todas essas coisas.
No início, todos chamávamos
Bob Miller de covarde, mas a verdade era que ele sempre suportava uma surra
cada vez pior sem nunca desistir de revidar, o que, no seu caso, significava
fazer denúncias.
Eu era o oposto disso. Eu era
o verdadeiro covarde. Nunca consegui falar para ninguém, além dos meus colegas
- que já sabiam que aquilo acontecia -, que apanhava praticamente todos os
dias. Eu suportava calado, tendo medo de me defender ou pedir por ajuda. Eu
escolhi o caminho mais fácil, paguei um cara que cuidou dos meus problemas por
mim.
Se eu tivesse tido metade da
coragem de Bob, talvez Patrick pudesse estar vivo hoje. Pois é, esta talvez
seja a parte mais curiosa de todas, mas eu nunca quis que Patrick morresse,
mesmo naquela época. Eu só não queria continuar apanhando.
Assim que Patrick foi dado
como desaparecido, Will até ficou feliz. Disse que era um desafeto a menos na
nossa lista. Mesmo hoje ele ainda diz, às vezes, que contratar Billy foi a
melhor coisa que fizemos.
Eu não penso dessa forma. Não espero que ninguém entenda, mas não
há um dia em que eu não sinta meu travesseiro mais pesado, antes de dormir,
imaginando o que pode ou não ter acontecido; ou o que eu posso, ou não, ter
provocado.
Hoje em dia, quase 20 depois do início dessa história, os cigarros que passei a fumar depois do sumiço de Patrick transformaram meus pulmões em frágeis sacolas plásticas cheias de ar, mas durante as noites mais difíceis, eles são a única coisa que conseguem me fazer dormir.
Hoje em dia, quase 20 depois do início dessa história, os cigarros que passei a fumar depois do sumiço de Patrick transformaram meus pulmões em frágeis sacolas plásticas cheias de ar, mas durante as noites mais difíceis, eles são a única coisa que conseguem me fazer dormir.
FIM DA ÚLTIMA PARTE
ARRASOU, MIGO!
ResponderExcluirQuero mais contos <3
Virando Amor
Grato Carolzinha. Virão mais ;)
ResponderExcluirFiquei um pouco surpresa com o final, no início a história pareceu aquelas típicas histórias de filme Americano mas com o final totalmente inesperado. Você tem bastante talento, espero por mais contos como este, parabéns.
ResponderExcluirHey Maísa. Que bom que gostou. Vou postar mais contos sim. Obrigado por ter lido!
ExcluirNossa, eu não sou chegada a contos assumo, porém este esta muito bem feito, gostei bastante.
ResponderExcluirparabéns pelo trabalho.
Beijos
Grato Karine!
ExcluirOiee João ^^
ResponderExcluirQue final! Bem diferente de tudo o que eu imaginei. Só queria saber o que realmente aconteceu com os dois, você pretende nos contar? hehe'
Oie Dryh! Estou bastante agradecido e contente que você tenho lido todas as partes do contato! Em relação a pergunta, talvez ela seja revelada em um crossover com outros contos, haha ;)
ExcluirPois é, como disse em uma das partes anteriores, era certo que a ideia não funcionaria. As escolhas trazem consequências que nem sempre as pessoas conseguem lidar, como foi o caso do protagonista. Gostei do desfecho, achei coerente e conclui a contento a jornada do narrador. Abraços!
ResponderExcluirQue bom que gostou Bete. Fico feliz que tenha acompanhado todas as partes do conto. No que precisar, conte comigo. Abraço!
ExcluirWowww!
ResponderExcluirUm ahazzo! Adorei João!
Seu estilo de escrita é ótimo! (Please, continue e escrevendo e publicando!
Mil beijos